segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Erupção solar

Imagens feitas pela Nasa (a agência espacial americana) mostram uma imensa erupção solar que ocorreu dia 24 de fevereiro. A erupção, que produziu uma gigantesca tocha de plasma incandescente, durou cerca de uma hora e meia e foi classificada como de intensidade média. Recentemente, o sol entrou numa fase de maior atividade, com uma série de tempestades solares que começou há cerca de uma semana - depois de anos de baixa atividade.

Fonte: Uol

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Programa Rádio Manifesto nº 3


Neste programa fizemos um passeio por diversos países, tocando músicas tradicionais e mostrando as influências e misturas entre clturas orientais e ocidentais.

O que tocou: Ali Akbar Moradi (Gallop) / Hossam Ramzy (Amiret el-Sahara) / Omar Faruk Tekbilek (Manhem) / Rabih Abou-Kalil (The happy sheik) / Nusrat Fateh Ali Kahn (Taa deem) / Hamza el Din (Desse barama) / Ravi Shankar & Philip Glass (Ragas in minor scale) / Palyrria (Manolis dub) / Tabla Beat Science (Audiomaze) / Gabin Dabiré (Bibilé) / Tito puente (Guajira soul) / Mestre Caiçara (Pisa na linha levanta o boi).

Faça o download do podcast e ouça o programa quando, onde e quantas vezes você quiser.


domingo, 20 de fevereiro de 2011

Carta de Michael Moore aos estudantes de Wisconsin


Milhares de servidores públicos unidos a grupos estudantis realizaram protestos sábado (19) em frente ao Capitólio do estado norte-americano do Winsconsin, na cidade de Madison. Foi o quinto dia de manifestações contra um projeto de lei apresentado pelo novo governador, o republicano Scott Walker. O objetivo do projeto é cortar gastos do orçamento estadual através da supressão de direitos trabalhistas em todo o Estado. O suposto equilíbrio das contas do Estado ocorreria com a anulação dos convênios coletivos com os funcionários públicos. Entusiasmado com a mobilização dos estudantes, o cineasta Michael Moore enviou uma carta aberta para eles pedindo que se rebelem. Segue a carta:

"Caros Estudantes:

Que inspiração, a de vocês, que se uniram aos milhares de estudantes das escolas de Wisconsin e saíram andando das salas de aula há quatro dias e agora estão ocupando o prédio do State Capitol e arredores, em Madison, exigindo que o governador pare de assaltar os professores e outros funcionários públicos!

Tenho de dizer que é das coisas mais entusiasmantes que vi acontecer em anos.

Vivemos hoje um fantástico momento histórico. E aconteceu porque os jovens em todo o mundo decidiram que, para eles, basta. Os jovens estão em rebelião – e é mais que hora!

Vocês, os estudantes, os adultos jovens, do Cairo no Egito, a Madison no Wisconsin, estão começando a erguer a cabeça, tomar as ruas, organizar-se, protestar e recusar a dar um passo de volta para casa, se não forem ouvidos. Totalmente sensacional!!

O poder está tremendo de medo, os adultos maduros e velhos tão convencidos que fizeram um baita trabalho ao calar vocês, distraí-los com quantidades enormes de bobagens até que vocês se sentissem inpotentes, mais uma engrenagem da máquina, mais um tijolo do muro. Alimentaram vocês com quantidades absurdas de propaganda sobre “como o sistema funciona” e mais tantas mentiras sobre o que aconteceu na história, que estou admirado de vocês terem derrotado tamanha quantidade de lixo e estejam afinal vendo as coisas como as coisas são.

Fizeram o que fizeram, na esperança de que vocês ficariam de bico fechado, entrariam na linha e obedeceriam ordens e não sacudiriam o bote. Porque, se agitassem muito, não conseguiriam arranjar um bom emprego! Acabariam na rua, um freak a mais. Disseram que a política é suja e que um homem sozinho nunca faria diferença.

E por alguma razão bela, desconhecida, vocês recusaram-se a ouvir. Talvez porque vocês deram-se conta que nós, os adultos maduros, lhes estamos entregando um mundo cada vez mais miserável, as calotas polares derretidas, salários de fome, guerras e cada vez mais guerras, e planos para empurrá-los para a vida, aos 18 anos, cada um de vocês já carregando a dívida astronômica do custo da formação universitária que vocês terão de pagar ou morrerão tentando pagar.

Como se não bastasse, vocês ouviram os adultos maduros dizer que vocês talvez não consigam casar legalmente com quem escolherem para casar, que o corpo de vocês não pertence a vocês, e que, se um negro chegou à Casa Branca, só pode ter sido falcatrua, porque ele é imigrado ilegal que veio do Quênia.

Sim, pelo que estou vendo, a maioria de vocês rejeitou todo esse lixo. Não esqueçam que foram vocês, os adultos jovens, que elegeram Barack Obama. Primeiro, formaram um exército de voluntários para conseguir a indicação dele como candidato. Depois, foram às urnas em números recordes, em novembro de 2008. Vocês sabem que o único grupo da população branca dos EUA no qual Obama teve maioria de votos foi o dos jovens entre 18 e 29 anos? A maioria de todos os brancos com mais de 29 anos nos EUA votaram em McCain – e Obama foi eleito, mesmo assim!

Como pode ter acontecido? Porque há mais eleitores jovens em todos os grupos étnicos – e eles foram às urnas e, contados os votos, viu-se que haviam derrotado os brancos mais velhos assustados, que simplesmente jamais admitiriam ter no Salão Oval alguém chamado Hussein. Obrigado, aos eleitores jovens dos EUA, por terem operado esse prodígio!

Os adultos jovens, em todos os cantos do mundo, principalmente no Oriente Médio, tomaram as ruas e derrubaram ditaduras. E, isso, sem disparar um único tiro. A coragem deles inspira outros. Vivemos hoje momento de imensa força, nesse instante, uma onda empurrada por adultos jovens está em marcha e não será detida.

Apesar de eu, há muito, já não ser adulto jovem, senti-me tão fortalecido pelos acontecimentos recentes no mundo, que quero também dar uma mão.

Decidi que uma parte da minha página na Internet será entregue aos estudantes de nível médio para que eles – vocês – tenham meios para falar a milhões de pessoas. Há muito tempo procuro um meio de dar voz aos adolescentes e adultos jovens, que não têm espaço na mídia-empresa. Por que a opinião dos adolescentes e adultos jovens é considerada menos válida, na mídia-empresa, que a opinião dos adultos maduros e velhos?

Nas escolas de segundo grau em todos os EUA, os alunos têm ideias de como melhorar as coisas e questionam o que veem – e todas essas vozes e pensamentos são ou silenciadas ou ignoradas. Quantas vezes, nas escolas, o corpo de alunos é absolutamente ignorado? Quantos estudantes tentam falar, levantar-se em defesa de uma ou outra ideia, tentar consertar uma coisa ou outra – e sempre acabam sendo vozes ignoradas pelos que estão no poder ou pelos outros alunos?

Muitas vezes vi, ao longo dos anos, alunos que tentam participar no processo democrático, e logo ouvem que colégios não são democracias e que alunos não têm direitos (mesmo depois de a Suprema Corte ter declarado que nenhum aluno ou aluna perde seus direitos civis “ao adentrar o prédio da escola”).

Sempre fico abismado ao ver o quanto os adultos maduros e velhos falam aos jovens sobre a grande “democracia” dos EUA. E depois, quando os estudantes querem participar daquela “democracia”, sempre aparece alguém para lembrá-los de que não são cidadãos plenos e que devem comportar-se, mais ou menos, como servos semi-incapazes. Não surpreende que tantos jovens, quando se tornam adultos maduros, não se interessem por participar do sistema político – porque foram ensinados pelo exemplo, ao longo de 12 anos da vida, que são incompetentes para emitir opiniões em todos os assuntos que os afetam.

Gostamos de dizer que há nos EUA essa grande “imprensa livre”. Mas que liberdade há para produzir jornais de escolas de segundo grau? Quem é livre para escrever em jornal ou blog sobre o que bem entender? Muitas vezes recebo matérias escritas por adolescentes, que não puderam ser publicadas em seus jornais de escola. Por que não? Porque alguém teria direito de silenciar e de esconder as opiniões dos adolescentes e adultos jovens nos EUA?

Em outros países, é diferente. Na Áustria, no Brasil, na Nicarágua, a idade mínima para votar é 16 anos. Na França, os estudantes conseguem parar o país, simplesmente saindo das escolas e marchando pelas ruas.

Mas aqui, nos EUA, os jovens são mandados obedecer, sentar e deixar que os adultos maduros e velhos comandem o show.

Vamos mudar isso! Estou abrindo, na minha página, um “JORNAL DA ESCOLA” [orig. "HIGH SCHOOL NEWSPAPER", em http://mikeshighschoolnews.com/].

Ali, vocês podem escrever o que quiserem, e publicarei tudo. Também publicarei artigos que vocês tenham escrito e que foram rejeitados para publicação nos jornais das escolas de vocês. Na minha página vocês serão livres e haverá um fórum aberto, e quem quiser falar poderá falar para milhões.

Pedi que minha sobrinha Molly, de 17 anos, dê o pontapé inicial e cuide da página pelos primeiros seis meses. Ela vai escrever e pedir que vocês mandem suas histórias e ideias e selecionará várias para publicar em MichaelMoore.com. Ali estará a plataforma que vocês merecem. É uma honra para mim que se manifestem na minha página e espero que todos aproveitem.

Dizem que vocês são “o futuro”. O futuro é hoje, aqui mesmo, já. Vocês já provaram que podem mudar o mundo. Aguentem firmes. É uma honra poder dar uma mão."

Tradução: Vila Vudu


sábado, 19 de fevereiro de 2011

Cavalera Conspiracy coloca faixa título do novo álbum para audição


Os irmãos Max e Iggor Cavalera, colocaram para streaming a faixa que dá nome ao novo álbum da dupla, que deve ser lançado em 28 de março. "Blunt Force Trauma" será o segundo álbum do Cavalera Conspiracy e deverá ser lançado, além do CD padrão, em um estojo com CD/DVD.

O disco tem a produção co-assinada por Logan Mader (ex-Machine Head), juntamente com Max e conta com a participação de Marc Rizzo (que também toca com Max no Soulfly) e o baixista Johnny Chow. Mader já havia trabalhado com os irmãos Cavalera, no álbum Inflikted, lançado em 2008, o primeiro nessa nova fase pós-Sepultura.

O Cavalera Conspiracy abrirá o show do Iron Maiden, em março, no estádio do Morumbi, em São Paulo. Abaixo, a música e o tracklisting do novo álbum e do DVD, "Blunt Force Trauma":

CD:
01. Warlord
02. Torture
03. Lynch Mob
04. Killing Inside
05. Thrasher
06. I Speak Hate
07. Target
08. Genghis Khan
09. Burn Waco
10. Rasputin
11. Blunt Force Trauma
12. Psychosomatic *
13. Jihad Joe *
14. Electric Funeral *

* Bonus tracks

DVD - Live at Les Eurockéennes Festival, Belfort, France - July 5, 2008 (except *):
01. Inflikted
02. Sanctuary
03. Territory
04. Terrorize
05. The Doom Of All Fires
06. Inner Self/Nevertrust
07. Arise/Dead Embryonic Cells
08. Desperate Cry/Propaganda
09. Wasting Away
10. Black Ark
11. Holiday In Cambodia/Biotech Is Godzilla
12. Hearts Of Darkness
13. Refuse/Resist
14. Troops Of Doom
15. Must Kill
16. Roots Bloody Roots
17. Sanctuary (music video) *




Fonte: Blabbermouth

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O fim do Guitar Hero e o preço da música


Por Andreas Kisser - 11/02/11 - 18h17

Incrível acreditar que o grande fenômeno dos últimos tempos no ramo dos videogames, o Guitar Hero está saindo do mercado. Eu que acreditava que o jogo seria uma nova maneira de distribuir e armazenar música. Infelizmente não foi bem assim. A Activision, empresa que responsável pelo jogo, anunciou nesta semana o fechamento da divisão que cuidava especificamente do game musical. Pra mim, foi uma grande surpresa, pois bandas como Aerosmith e Metallica tinham acabado de lançar os seus jogos e tudo parecia ir muito bem.

O custo alto da produção, dos equipamentos necessários para se jogar, junto com a aparição de novos jogos com tecnologias diferentes, que usam sensores para captar o movimento do corpo, sem a necessidade de controles, e que causaram uma sensível queda nas vendas, foram citados como justificativas para este súbito fim. Mas o que realmente pesou foram os altos royalties que as bandas e as gravadoras pediam para o uso das músicas no jogo, ou seja, a própria música e sua ala gananciosa fundamentalista, ajudou a acabar com esta pequena revolução na indústria musical.

O Guitar Hero surgiu em 2005 e logo virou uma febre no mundo dos games, não imporatava a idade, todo mundo estava jogando. Verdadeiros virtuoses surgiram no “instrumento”, campeonatos aconteciam pelo mundo e novos “artistas” foram descobertos. A sensação de se sentir um rock star, tocando as guitarras no último volume é irresistível, principalmente para os que não são músicos e nunca chegaram perto de um palco. O GH é realmente uma experiência em tanto. Sem falar na biblioteca musical riquíssima e que constitui numa escola musical do rock para as novas gerações. No GH é possível experimentar um cardápio vasto, de vários estilos, dentro do que é considerado rock and roll, é uma maneira não preconceituosa de se apresentar a música, uma verdadeira aula.

Qual é esse custo que, de tão elevado, pode parar um projeto tão inovador e interessante como o GH? Qual é esse valor? Hoje mesmo, eu recebi um link de uma amiga de Twitter, com uma entrevista do Francis Ford Coppola e num determinado momento ele comenta sobre este aspecto do valor da arte, o quão subjetivo pode ser este conceito. A entrevista foi dada ao site The 99 Percent e com muita experiência e desenvoltura ele fala de seus conceitos e ideias.

Sobre a remuneração de um artista ele polemiza argumentando que “somente há algumas centenas de anos é que os músicos começaram a trabalhar com dinheiro”, sinalizando que a música, ou a arte em geral, é que foi “achada” como negócio e que hoje perdeu todo o seu valor artístico, é somente um produto. Ele acrescenta ainda que artistas como o Metallica, ou qualquer outro mega rock star milionário, não serão possíveis, porque a arte caminha para um futuro onde ela será totalmente grátis. Ele sugere um emprego paralelo, que seria o ganha pão, para deixar a arte totalmente livre, sem depender dos grandes empresários para se fazer os projetos.

Eu até concordo que a ideia de lucro na arte não é uma coisa muito natural, apesar de hoje em dia ser o que move a indústria, mas acho também que o Coppola foi um pouco longe demais. Num mundo ideal, o dinheiro seria supérfulo, mas não vivemos num mundo ideal, longe disso. Quem comanda, dita as regras e a direção a ser seguida é quem tem o dinheiro, grandes empresários que, na sua maioria, não tem contato nenhum com a realidade artística e estão sempre trabalhando com segundas intenções, geralmente políticas marqueteiras.

O fim do Guitar Hero mostra que a arte está perdendo a batalha para o lucro, cada vez mais só se trabalha para conseguir dinheiro, a qualquer custo, deixando a função da música, do teatro, do cinema, da pintura ou da literatura, que é a de elevar a alma, em segundo plano. Como não perder de vez a mágica da arte sem ter que ficar mendigando na rua por um pedaço de pão? Ideologia e realidade não andam sempre juntas.

A classe artística se encontra em um período de transição e incertezas, é um processo difícil mas acredito que no final a arte vai sair fortalecida pois, acabar com ela, como fizeram com o GH, não vai ser tão simples assim.

Play it loud.

Andreas Kisser

Fonte: Yahoo!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Bandeira de município causa discórdia no MS


O pastor Adilson Machado, de uma igreja evangélica de Sidrolândia/MS, a 70 km de Campo Grande, entrou com processo na Justiça contra o município para que seja retirada a frase “Ave Maria” da bandeira da cidade.

De acordo com o pastor a frase é constrangedora aos fiéis que não acreditam em imagens. “O tratamento do município deve ser igual a todas as religiões”, disse ele, que afirma que as autoridades não cumprem o Artigo 19 da Constituição, que trata das questões religiosas. Ele acionou a Defensoria Pública do município para exigir da prefeitura a retirada da frase e prometeu "ir até o Supremo, se for preciso".

Uma defensora Pública é quem está responsável pelo processo que foi aberto em novembro do ano passado. De acordo com Adilson, a primeira audiência acontecerá no mês de março.

Abaixo Assinado

Centenas de assinaturas já foram colhidas em um abaixo assinado movido por lideranças evangélicas com objetivo de retirar o “Ave Maria” do brasão do município. Líderes do movimento esperam colher mais de mil assinaturas.


"Recebemos também o apoio de vários ateus que vivem no município e que defendem a mudança", disse o religioso.

O fato de se tratar de uma inscrição antiga, para o pastor, "não é relevante". "Em eventos dentro da nossa igreja, hastear a bandeira do município é sempre um constrangimento. Aquela frase trata de uma devoção que não é a nossa."

"Quem se irrita com o nome de Maria é o diabo", reagiu, em nota, o Conselho Pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Abadia.

O texto, no qual o pastor é chamado de "irmão em Cristo", defende que "proclamar o nome de Maria como na bandeira da cidade não se trata de idolatria."

A defensora pública que recebeu a manifestação dos evangélicos está em férias e não foi encontrada.

Conheça o Art. 19 da Constituição.

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;

II - recusar fé aos documentos públicos;

III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Programa Rádio Manifesto nº 2


Neste programa falamos sobre os anos 80, abordando fatos políticos e culturais que fizeram os anos de uma das décadas mais prolíficas da humanidade.

O que tocou: Lloyd Cole & The Commotions (Perfect Skin) / The Waterboys (The Pan Within) / The Cure (Torture) / Bauhaus (She's in Parties) / Siouxsie & The Banshees (Happy House) / The Sisters Of Mercy (Poison Door) / Lobão (O eleito) / Os Replicantes (A verdadeira corrida espacial) / Raul Seixas (Anos 80) / The Mission (Sacrilege) / The The (Uncertain Smile) / The Church (Reptile).

Faça o download do podcast e ouça o programa quando, onde e quantas vezes você quiser.


domingo, 6 de fevereiro de 2011

Morre aos 58 anos, o guitarrista Gary Moore


Segundo diversas fontes, morreu neste domingo, aos 58 anos de idade, o guitarrista Gary Moore, de causas ainda não reveladas. Nascido em Belfast, na Irlanda, Gary Moore morreu enquanto dormia, durante suas férias, na Espanha.

Um dos principais guitarristas de sua geração, Gary Moore iniciou sua carreira ainda na adolescência, quando se mudou de Belfast para Dublin, em 1969, para tocar com a banda Skid Row, juntamente com Phill Lynott. Adepto do blues, hard rock e jazz, Moore era um guitarrista excepcional e foi chamado para diversas participações especiais, em trabalhos de diversos artistas pela Irlanda.

Gary Moore foi chamado para integrar o Thin Lizzy, por Phill Lynott, e tocou com a banda em alguns de seus principais trabalhos, como os álbuns Nightlife (1974) e no disco Black Rose (1979). O relacionamento dos dois, no Thin Lizzy, era cheio de altos e baixos, mas, a parceria dos dois ainda rendeu sucessos, como a música Parisienne Walkways (1979) e Out In The Fileds (1985).

Em 1991, Moore gravaria um de seus maiores sucessos, Still Got The Blues e em 2001, Back To The Blues. Ao todo, ele gravou mais de 20 álbuns de estúdio e diversas compilações ao vivo. Infelizmente, o mundo da música perde mais um de seus grandes nomes.

Abaixo, um vídeo daquele que talvez seja o maior sucesso de Gary Moore. R.I.P. man!

Fonte: Uol e Hot Press

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Por que temer o espírito revolucionário árabe?


Quarta, 02 Fevereiro 2011 - 01:00

Slavoj Zizek

A reação ocidental aos levantes no Egito e na Tunísia frequentemente demonstra hipocrisia e cinismo.

O que não pode deixar de saltar aos olhos, nas revoltas na Tunísia e no Egito, é a notável ausência do fundamentalismo islâmico. Na melhor tradição democrática secular, as pessoas simplesmente se revoltaram contra um regime opressivo, sua corrupção e pobreza, e demandaram liberdade e esperança econômica. A sabedoria cínica dos liberais ocidentais - de acordo com os quais, nos países árabes, o genuíno senso democrático é limitado a estreitas elites liberais enquanto que a vasta maioria só pode ser mobilizada através do fundamentalismo religioso ou do nacionalismo - se provou errada.

Quando um novo governo provisório foi nomeado na Tunísia, ele excluiu os islâmicos e a esquerda mais radical. A reação dos liberais presunçosos foi: bom, eles são basicamente a mesma coisa; dois extremos totalitários - mas as coisas são simples assim? O verdadeiro antagonismo de longa data não é precisamente entre islâmicos e a esquerda? Ainda que eles estejam momentaneamente unidos contra o regime, uma vez que se aproximam da vitória, a sua unidade se parte e eles se engajam numa luta mortal, frequentemente mais cruel do que aquela travada contra o inimigo comum.

Nós não testemunhamos precisamente tal luta depois das eleições no Irã? As centenas de milhares de apoiadores de Mousavi lutavam pelo sonho popular que sustentou a revolução de Khomeini: liberdade e justiça. Ainda que esse sonho tenha sido utópico, ele levou a uma explosão de criatividade política e social de tirar o fôlego, experiências de organização e debates entre estudantes e pessoas comuns. Essa abertura genuína, que liberou forças de transformação social então desconhecidas, um momento no qual tudo pareceu possível, foi então gradualmente sufocada pela dominação do controle político e do establishment islâmico.

Mesmo no caso de movimentos claramente fundamentalistas, é preciso ser cuidadoso para não perder de vista o componente social. O Talibã é usualmente apresentado como um grupo fundamentalista islâmico que impõe suas leis pelo terror. No entanto, quando, na primavera de 2009, eles tomaram o Vale de Swat no Paquistão, o The New York Times noticiou que eles arquitetaram "uma revolta de classe que explora profundas fissuras entre um pequeno grupo de ricos donos de terra e seus inquilinos desprovidos de um chão". Se, ao "se aproveitar" dos apuros dos agricultores, o Talibã estava criando, nas palavras do New York Times, "um alerta sobre os riscos ao Paquistão, que permanece sendo largamente feudal", o quê impediu os democratas liberais do Paquistão e dos Estados Unidos de, da mesma forma, "se aproveitarem" desses apuros e de tentarem ajudar os agricultores sem terra? Ocorre de as forças feudais no Paquistão serem aliados naturais da democracia liberal?

A conclusão inevitável a ser delineada é que a ascensão do islamismo radical sempre foi o outro lado do desaparecimento da esquerda secular nos países muçulmanos. Quando o Afeganistão é retratado como sendo o exemplo máximo de um país fundamentalista islâmico, quem ainda se lembra que, há quarenta anos atrás, ele era um país com uma forte tradição secular, incluindo um poderoso partido comunista que havia tomado o poder lá sem dependência da União Soviética? Para onde essa tradição secular foi?

É crucial analisar os eventos em andamento na Tunísia e no Egito (e no Iémen e ... talvez, com esperança, até na Arábia Saudita) em contraste com esse pano de fundo. Se a situação for eventualmente estabilizada de modo ao antigo regime sobreviver, apenas passando por alguma cirurgia cosmética liberal, isso irá gerar um intransponível retrocesso fundamentalista. Para que o legado chave do liberalismo sobreviva, os liberais precisam da ajuda fraternal da esquerda radical. De volta ao Egito, a mais vergonhosa e perigosamente oportunista reação foi aquela de Tony Blair noticiada na CNN: mudança se necessário, mas deverá ser uma mudança estável. Mudança estável no Egito, hoje, só pode significar um compromisso com as forças de Mubarak na forma de ligeiramente alargar o círculo do poder. Este é o motivo pelo qual é uma obscenidade falar em transição pacífica agora: pelo esmagamento da oposição, o próprio Mubarak tornou isso impossível. Depois de Mubarak enviar o exército contra os protestantes, a escolha se tornou clara: ou uma mudança cosmética na qual alguma coisa muda para que tudo continue na mesma, ou uma verdadeira ruptura.

Aqui, portanto, é o momento da verdade: ninguém pode arguir, como no caso da Argélia uma década atrás, que permitir eleições verdadeiramente livres equivale a entregar o poder para fundamentalistas islâmicos. Outra preocupação liberal é de que não existe poder político organizado para tomar o poder caso Mubarak parta. É claro que não existe; Mubarak se assegurou disso ao reduzir a oposição a ornamentos marginais, de forma que o resultado acaba sendo como o título do famoso romance de Agatha Christie, "E Então Não Havia Ninguém". O argumento de Mubarak - é ele ou o caos - é um argumento contra ele.

A hipocrisia dos liberais ocidentais é de tirar o fôlego: eles publicamente defendem a democracia e agora, quando o povo se rebela contra os tiranos em nome de liberdade e justiça seculares, não em nome da religião, eles estão todos profundamente preocupados. Por que aflição, por que não alegria pelo fato de que se está dando uma chance à liberdade? Hoje, mais do que nunca, o antigo lema de Mao Tsé-Tung é pertinente: "Existe um grande caos abaixo do céu - a situação é excelente".

Para onde, então, Mubarak deve ir? Aqui, a resposta também é clara: para Haia. Se existe um líder que merece sentar lá, é ele.

Nota do Tradutor: o título original do livro de Agatha Christie é "And Then There Were None", conhecido aqui no Brasil como "O Caso dos Dez Negrinhos".

Traduzido por: Henrique Abel